quarta-feira, 4 de junho de 2014

Bestial, celestial e ódio a ditadores!

O 4 de junho nos remete, voltando 25 anos no tempo, a um dia dos mais lamentáveis em escala internacional, quando o assunto é liberdade de expressão. No dia 4 de junho de 1989 ocorria o conhecidíssimo Massacre da Praça da Paz Celestial, aquele evento histórico na China que tem como grande marca registrada o tanque que avança pela praça central de Pequim em direção a um manifestante.
Eram cerca de 100 mil manifestantes, intelectuais, trabalhadores, o povo que pedia reformas econômicas, vivia o desemprego, a inflação, a repressão, a corrupção que tomava conta do governo do Partido Comunista Chinês. O governo, para fazer a contraofensiva, decretou lei marcial, enviou tanques e infantaria para a praça visando dissolver o protesto.
Há pelo menos duas variáveis quando o assunto é calcular quantidade de vítimas. Jornais apontam de 400 a 800 mortos na ação do governo. A Cruz Vermelha Chinesa disse na ocasião que foram 2,6 mil mortos. Nunca se saberá ao certo, o que se sabe é que havia um protesto em andamento no centro da capital chinesa contra o estado das coisas, que ia de mal a pior.
O governo despejou munição comprada à custa da pobreza do povo chinês contra o povo chinês. Esse foi um fato forte daquele período que marcou o mundo com queda do muro de Berlim, dissolução da União Soviética e um limiar de um novo tempo. O que se aborda aqui, mais que política, é a repressão enquanto instrumento principal para calar um povo que, coletivamente, manifesta-se. E quando há manifestação coletiva de um povo elas precisam ser ouvidas por governantes sensatos, mas os opressores não sabem o que é isso. Eles continuam agindo, mas continuamos a ter minúsculos, pequenos e permanentes massacres da praça da Paz Celestial. Não aprendemos ainda a lidar com a diversidade, com as opiniões alheias, e a ouvir as massas. Que os 25 anos do massacre da praça da Paz Celestial sirvam de exemplo para que celestial não rime com bestial na próxima vez que o povo, em uníssono, reclame por direitos seus.

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