segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ponte de Laguna talvez fique para outubro...

É uma especulação por enquanto. Não passa disso. Mas parte de gente que vive o dia a dia do Dnit, que conhece os caminhos do organismo e as dificuldades que os já combalidos cofres públicos estão a enfrentar.

Embora 92% concluída, a ponte Anita Garibaldi em Laguna dificilmente estará pronta e entregue até maio, conforme vem projetando as autoridades envolvidas. Por uma razão muito simples, segundo as fontes ligadas ao Dnit: os atrasos com repasses, que agora tem sido verificados, tendem a se intensificar. E isso devido à aplicação efetiva do orçamento de 2015, que só se dará a partir de março. A grosso modo, pelo menos três meses de atraso, se o compasso de realização das obras for compatível com o de repasse de verbas. Assim, saltaria de maio para outubro... Ainda assim, estaria pronta a tempo da próxima temporada de veraneio.

E mais, esses 8% restantes devem envolver etapas relacionadas aos projetos de impacto ambiental no
entorno da ponte, o que exige o repasse dos recursos no tempo certo para a execução do projeto. Sem repasse, não tem obra nem intervenção. A tendência, portanto, é de uma redução gradual do ritmo dos trabalhadores, que por enquanto seguem 24 horas por dia no canteiro de obras.

É bom lembrar que os atrasos que vem ocorrendo nos repasses do Dnit para a Camargo Corrêa e outras empresas que estão atuando na ponte de Laguna foram levantados pelo prefeito de Laguna. Everaldo da Silveira foi ao Dnit faz duas semanas descobrir o porque a Camargo Corrêa não vem pagando o ISS há três meses, acumulando uma dívida superior a R$ 1,5 milhão. E ouviu como resposta que o repasse de fato não vem sendo feito. Daí começou a se desenrolar esse novelo que hoje tem como cereja do bolo a constatação de que o problema é bem maior do que imaginávamos.

A necessidade da ponte é mais do que indiscutível. No sábado pela manhã, saí de Criciúma por volta das 9 horas com destino a Florianópolis. Às 10h15min, encontrei o congestionamento na altura de Pescaria Brava. A fila contava uns quase dez quilômetros. Levei duas horas, a exemplo dos demais motoristas que comigo dividiam espaço, para vencer a ponte em Laguna.

Na volta, optei pelo horário noturno. Melhor escolha. Depois de vencer o congestionamento na SC-401 na ilha, ganhei rapidamente a BR-101 e, sem percalços, ultrapassei a ponte de Laguna que, ali pelas 23 horas, estava iluminada (foto acima). Esta não é, naturalmente, a iluminação a ser aplicada na estrutura permanente, quando for inaugurada. Mas já é o indicativo da beleza plástica, também, que a nova ponte oferecerá. Ao que tudo indica, a partir de outubro de 2015. Se a coisa não piorar até lá...

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Para Criciúma, R$ 4,50. Para o Rincão, 20 centavos...

Um dado curiosíssimo sobre receitas de municípios foi repassado pelo especialista em movimentação econômica da Amrec, Sérgio Tiscoski, que nos visitou hoje no Manhã Eldorado. De cada R$ 1 mil arrecadados pelo governo do Estado em ICMS, R$ 750 (75%) ficam com o Estado, e os demais R$ 250 (25%) são divididos proporcionalmente entre os 295 municípios de Santa Catarina.

Eis a conta da proporção: por conta das riquezas geradas, estabelece-se um ranking dos municípios. É neste ranking que Criciúma figurará em oitavo lugar em 2015, tendo ultrapassado Lages e Brusque por conta do movimento econômico levantado em 2013. Nesta conta, se alcança um índice, e é este índice que se aplica na divisão do bolo, aquele dos 25% em cada mil reais.

Pois bem, feita a conta pelo Tiscoski, apurou-se que de cada R$ 1 mil gerados em ICMS no Estado, um município do porte de Criciúma fica com R$ 4,50. Já Forquilhinha recebe R$ 1. Dos mil que gerou. Pior ainda é a situação do Balneário Rincão, onde o município fica com míseros R$ 0,20, isso mesmo, vinte centavos!! Ou mudam essa política financeira e tributária logo, ou os municípios vão continuar falindo, tanto quanto os hospitais.

Ah, as previsões do Sérgio Tiscoski para 2015 indicam que os maiores crescimentos da Amrec ficarão entre Içara, Lauro Müller, Treviso, Urussanga e Criciúma. É aguardar para ver.

Semáforo em rótula? Mais uma da ASTC...

O trânsito de Criciúma, pródigo em lombadas - as oficiais e as projetadas, mas já rotuladas por placas -, ganha também mais um semáforo a partir desta semana. E em local de tráfego pesado. É na virtual rótula existente diante da Rádio Eldorado, em um ponto onde a confusão é total.

Quem vem da Avenida Centenário de Içara para Criciúma encontra logo adiante do Terminal da Próspera, à sua direita, um pedaço da rua Goiás pelo qual entra, faz breve conversão à esquerda e logo reencontra a avenida, para a cruel missão, em horários de pico, de tentar cruza-la. O problema maior começa aí. Não são poucos os acidentes já registrados neste verdadeiro "triângulo das bermudas" do quase sempre caótico trânsito criciumense.

Pois bem, a ASTC, gestora do nosso trânsito, resolveu instalar uma lombada neste ponto crucial. Uma delas está na pista da direita, sentido Criciúma/Içara. Outra está no canteiro central, voltada justamente para quem vem do retorno da rua Goiás. E a terceira na pista da Centenário, sentido Içara/Criciúma. Fico a imaginar o tamanho dos engarrafamentos, já gigantes nos fins de tarde, aditivados por tais instrumentos.

Ah, e uma das fotos clicadas a pouco ali, enquanto os técnicos instalavam os equipamentos e os intrépidos guardas municipais executavam seu trabalho de orientação do tráfego, prova uma curiosidade: as lombadas são da Kopp, a mesma que está em maus lençóis em Florianópolis...

R$ 3 milhões para o transformador ambulante

A Cooperaliança de Içara está orçando, junto com a Coopera de Forquilhinha, a compra de um caminhão transformador. Trata-se de um transformador enorme de energia, parecido com o da foto - que cliquei na subestação da Celesc no bairro Ceará, em Criciúma -, que é acoplado em uma carroceria e pode ser levado para qualquer lugar pelo tal caminhão. O custo do equipamento, produzido na WEG em Jaraguá do Sul, é de R$ 3 milhões. Pelo projeto em estudo, a compra e o uso serão compartilhados entre as cooperativas de Içara e Forquilhinha.

Esse é um dos investimentos que faz parte do projeto do presidente Jorge Rodrigues, de tentar em março a reeleição para a presidência da Cooperaliança. Aliados de JR se moveram depois da fala forte do empresário Fábio Della Bruna, que esteve ontem no nosso Manhã Eldorado batendo e muito na atual gestão.

Cooperaliança tinha, segundo estes aliados, dívida de R$ 24 milhões há dois anos. Hoje, deve R$ 14
milhões. Renovou a frota, e conta com receita média mensal de R$ 6 milhões. A cooperativa está reivindicando à Prefeitura assumir a iluminação pública, mas o prefeito Murialdo Gastaldon anda reticente a respeito.

Por fim, a atual diretoria está colocando fé, e não é pouca fé, em ação judicial a ser movida junto à Aneel visando mudar o status da Cooperaliança, de concessionária para permissionária, o que permitirá reduzir em até 35% o custo da energia para os consumidores. Mas este é um capítulo para os próximos meses, nada imediato.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Já furtaram quase mil carros neste ano

No relatório divulgado nesta quinta-feira, durante 75 minutos de entrevista, o tenente coronel Márcio Cabral revelou que somente neste ano, em Criciúma, já foram furtados quase mil carros. O número é 20% superior ao de 2013, o que já é assustador por si só. São quase três casos por dia. É o novo mapa da mina dos bandidos na cidade.

Outra constatação, nunca se usou tanto menor em ações da bandidagem por aqui. Ou seja, mais encrencas e menos gente a punir, a prender, por todas as razões conhecidas, tanto as limitações da legislação quanto as materiais, afinal não há locais para ressocializar a "meninada" alegre do mundo do crime.

E uma terceira constatação, os bandidos nunca estiveram tão agressivos. Nunca atiraram tanto contra a Polícia Militar. Arrojo que prova a liberdade que move os bandidos.

CABRAL E AS VIATURAS

O coronel Cabral está sendo sondado para dirigir, em nível estadual, um programa de instalação de computadores em viaturas. É um projeto nacional, do Ministério da Justiça, com orçamento de R$ 5 milhões para equipar 600 viaturas em Santa Catarina. Uma prévia de 60 dias foi feita na região do Estreito, em Florianópolis, e com sucesso.

As viaturas serão equipadas com tablets interligadas por 3G e com acesso às consultas de fichas criminais nacionais, com condição técnica para impressões, consulta de placas e geração de multas com relação direta ao sistema do Detran. Se o coronel Cabral topar assumir, vai ser depois de deixar o comando do 9º Batalhão da PM, lá por maio de 2015.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Cadeira do Jevis: "Se o Duda não quiser, eu quero"

Lembram do suplente de vereador Amaral Bitencourt, aquele que chorou na Rádio Eldorado outro dia quando preterido no rodízio do PDT na Câmara? Ele conseguiu ficar dois meses no Legislativo, e agora está de olho na cadeira do Pastor Jevis.

A história é a seguinte: se o Jevis consumar a desfiliação do PDT, o partido, ou alguém do partido, pode ir à Justiça solicitar a cadeira. Afinal, a rigor, ela pertence ao partido e à coligação pela qual ela foi conquistada. A lei eleitoral, de fato, ampara qualquer recurso.

Há quem diga que a saída negociada de Jevis já está negociada, e que a cúpula do PDT não vai pedir a cadeira. Mas o Amaral Bitencourt pensa diferente. "Se o Duda Manentti não quiser a cadeira, se o André de Luca não quiser a cadeira, eu quero", afirmou, garantindo que ainda não fez qualquer tratativa sobre, mas que está de olho, não negando que poderá sim requerer a cadeira. "Eu tenho esse direito. Torço para que o Jevis não saia, mas se ele sair, eu tenho esse direito de pedir sim", disse, em bate papo com este jornalista na noite desta quarta.

JEVIS, O DONO DA CADEIRA


A cadeira é dele. Fez jus na eleição de 2012. Mas ao anunciar, na última segunda-feira, sua desfiliação, Jevis está numa sinuca agora. Precisa garantir, no mesmo PDT com o qual conflitou até agora a pouco, respaldo para sair na boa, com garantias de que o partido não vai mesmo ao Judiciário solicitar a vaga na Câmara.

O suplente Amaral tem uma tese ousada, de que o PDT ainda vai agir no sentido de fazer Jevis mudar de ideia. "Eu ainda acho que o Manoel Dias e o deputado Rodrigo Minotto podem convence-lo a ficar no PDT. Tem essa chance sim", diz Amaral, de boca cheia.

Enquanto isso, Jevis vai sendo paquerado por PP, PMDB, PSDB e tem a chance grande de ele encampar sim a ideia já antecipada aqui, de arriscar a criação de um partido na cidade, sendo a estrela solitária, casos do Rede Sustentabilidade ou PSC.

DUDA, O PLANO B

Ele deixou o Procon para ficar um mês na Câmara. Foi uma "licença não remunerada" (entre aspas,
ele claro não recebeu do Procon, seria imoral, mas recebeu da Câmara, com a cadeirinha no Procon vazia esperando a volta). Flanou um mês no Legislativo e voltou.

Este é Eduardo Manentti, o conhecido da noite que há dois anos e um bocadinho candidatou-se a vereador, surpreendeu, ficou na primeira suplência e gostou do negócio. Tanto que está apostando alto para a próxima, em 2016. É um trunfo de votos para o PDT. E o Amaral reforça: "se o Duda não quiser a cadeira do Jevis, eu quero".

AMARAL, O CRENTE

Ele compartilhou conosco estas ideias logo após sair do culto da sua igreja. Logo, estava iluminado. "Óh, e podem anotar aí. Em 2017, uma cadeira vai ser toda minha", afirmou, categórico e confiante. "Em 2012 fiz campanha sozinho, sem ninguém pra me ajudar, eu e a minha moto, e ainda com o meu pai doente, e fiz 1.011 votos. Vou ser um candidato muito forte na próxima".

Na foto, Amaral em uma das investidas na tribuna, nos 60 dias que desfrutou do ambiente legislativo, usando o terno e a gravata que encomendou na véspera da posse, e que rendeu algumas lágrimas em um bate papo com o João Paulo Messer na época, na Eldorado.

Comércio até 23 horas? Esse Papai Noel faz coisas...

O Criciúma Shopping anunciou, nesta quarta-feira, que a partir do sábado, dia 20, até terça, 23, todas as suas lojas ficarão abertas até 23 horas! Onze horas da noite! O que faz esse Papai Noel e a magia das compras, hein Gente do Natal!

Trata-se de uma bela e oportuníssima sacada, que carrega consigo o mérito da perspectiva dos olhos no futuro. Ainda vivemos o provincial debate sobre horário de abertura de comércio. Cada vez que vem à mídia a discussão sobre hora de abrir e hora de fechar lojas, fico me perguntando como lugares que já venceram tais antiquadíssimas etapas o fizeram para hoje oferecer aos seus as ruas 24 horas, os supermercados que não fecham, os shoppings que atendem qualquer hora do dia e da noite.

Ninguém aqui defende exploração de mão de obra. Partimos do pressuposto que o comerciante sério vai contratar, obviamente, funcionários em quantidade necessária, nos parâmetros do trabalho humano, para atender a população o máximo de horas possível. Essa pelega discussão eternizada por alguns que vivem de parasitar o debate de horas a mais ou a menos é um entrave incrível para o progresso. Vivemos em uma sociedade onde o consumo dita as regras. Mais dinheiro circulando é mais gente faturando, é mais gente comprando, é mais gente ganhando, é mais gente feliz!

Que a ousadia do Criciúma Shopping seja mais um passo rumo à derrubada de barreiras, de ranços e de pensamentos retrógrados, rumo ao futuro de um comércio democrático e aberto cada vez mais horas por dia. Todos tem a ganhar! Não só nos tempos de Papai Noel.

Ah, e nos embalos dos progressos, o shopping está terminando de colocar, no seu pátio, aquela estrutura coberta, para não descermos mais do carro correndo, pisando em poças d´água e molhando o corpo, a roupa, a camisa. Como faz bem uma concorrência também...! (Colaboração / Fotos: Amanda Tesman / Ápice Comunicação)

Papa, Vaticano, Havana, Içara e Michel

As conexões católicas, tais quais orquestras, acionaram as trombetas e os anjos disseram amém hoje ao alto, ao médio e até ao baixo clero. Enquanto o Papa Francisco está sendo festejado mundo afora como o grande artífice da volta das conversas entre norte americanos e cubanos, sendo ele o cupido em cartinhas para Obama e Castro irmão, por aqui os irmãos de fé soltaram fogos em Içara e no Michel, por razões distintas.

Enquanto o time de Francisco, San Lorenzo, sofria no Marrocos para depenar o fraquíssimo Auckland City (algo como vencer o simpático Itaúna no Regional da LARM), os bastidores registram, entre susto, incredulidade mas também esperança, um possível reatar entre Estados Unidos e Cuba, que seria o derrubar de uma das últimas bestialidades resultantes da Guerra Fria. Afinal, Cuba não é ameaça para o poderio norte americano. Deixem Cuba viver como bem quer, mas não castiguem aquele povo por terem feito uma opção política diferente do resto. Se os cubanos quiserem mudar as coisas, eles pegam em armas de novo e mudam, como fizeram quando colocaram Fulgêncio Batista e seus asseclas a correr no final dos anos 50 em direção aos... Estados Unidos.

Mais cedo, ainda nesta quarta histórica para os católicos apostólicos romanos - afinal, fazia muito tempo que a igreja não tinha uma vitória, mesmo parcial, tão expressiva no campo diplomático quanto esta acima citada -, por aqui causava polvorosa a bula papal ordenando a nova missão do afável padre Onécimo Alberton. Ele deixa de ser o pároco que celebra na belíssima São Paulo Apóstolo, no Michel - igreja frequentada pelo amigo das contas e canto coral, Francisco Faraco, e por tantos e tantas pessoas do bem -, para ser o bispo de Rio do Sul.

A melhor definição dada a este momento partiu da singeleza e humildade do próprio religioso. "Eu sou padre, e não estou pronto para ser bispo. Mas vou aprender a ser bispo", disse, na Rádio Eldorado, com o desapego que cabe a qualquer homem de fé. E mais, padre Onécimo, agora monsenhor na transição para bispo, já sabia havia três semanas desta promoção, e não contou a mais ninguém. De certeza que este voto de silêncio, mais a pormenorizada investigação feita em toda a vida do clérigo lhe rendeu preciosos pontos na "disputa" com outros dois religiosos brasileiros pela nobre função. Uma promoção e tanto no pesado jogo político que envolve a Igreja Católica.

Perto dali, em Içara, o padre Antônio Vander, famoso por seus métodos mais modernos e não menos comprometidos, ousou politicamente e marcou um belo gol. Negociou com a Prefeitura a retomada da antiga Igreja Matriz, que estava abrigando a Casa de Cultura Bernardo Junckes fazia 31 anos. A posse está concretizada. Será um belo espaço para celebrações, casamentos, festejos católicos.

Nesta breve linha de tempo, a fusão do determinado e sereno chefe da Igreja, que dá o passo histórico de encaminhar o respirar dos mesmos ares por americanos e cubanos; a humildade do orleanense que admitiu não saber ser bispo, no dia em que foi nomeado bispo; e o arrojo do padre que assumiu natural posição política para arrebanhar em prol dos seus fiéis. São exemplos latentes dos ares novos, mais perfumados, menos inflexíveis, mais modernos que Francisco faz a igreja de Roma respirar. Bom para todos, católicos e não católicos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Menos 6 a 9 centavos na tarifa de ônibus

A principal ação política da Câmara de Vereadores ontem à noite foi, obviamente, eleger o presidente Ricardo Fabris (PDT), e seus aliados, com aval do Paço. Mas a principal ação prática para a cidade foi outra, bem diferente.


Vereadores aprovaram discretamente, em sessão extraordinária relâmpago que antecedeu a eleição do presidente em plenário, o projeto do Executivo que desonera do ISS o transporte coletivo. Com a recente aprovação federal da redução do indexador da dívida dos estados e municípios, secretaria da Fazenda concluiu que Criciúma terá superávit anual de R$ 1,6 milhão em seu orçamento. Deste montante, R$ 1,1 milhão serão destinados à desoneração do ISS. Assim, será possível reduzir, pela projeção inicial, de 6 a 9 centavos no cálculo da tarifa do transporte coletivo.

Prefeito Márcio Búrigo antecede, assim, um debate que vem sendo desgastante, mas que agora promete
contar pontos a favor dele. Uma estratégia política importante, com o fundamental aval técnico, econômico e fazendário. Não é uma simples desoneração para agradar o usuário, mas sim um remanejo fiscal importante. O prefeito tira assim do papel um comentário feito por ele mesmo no Manhã Eldorado, conosco, faz algumas semanas, quando ele comentou que seria possível até reduzir o valor da tarifa para 2015. Um golaço do Executivo ontem à noite sob a névoa da tensão que rondou a Câmara nos últimos dias.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Caminho de Jevis: Marina, ou cristãos

O Pastor Jevis desfiliou-se do PDT. Isso é fato. Ele tem um capital respeitável de votos. E pode ir para o PSC, ou a Rede Sustentabilidade. Entenda as razões lá no último parágrafo. Antes... em 2008, fez 1.612 votos, foi o menos votado dos 12 eleitos, mas o único pedetista. Repetiu a dose em 2012, mas aditivando sua votação. Chegou a 2.618 votos, somou mais mil em quatro anos, foi o quinto mais votado e o segundo do PDT, que fez ainda Ricardo Fabris, na ocasião com 3.124 votos.

Começava aí a odisseia de dois anos que culmina com a saída de Jevis do PDT. Ocorre que desde a vitória do prefeito Márcio Búrigo, na eleição de março de 2013, consumava-se um acordo para dividir em quatro a presidência da Câmara: PSDB (Itamar da Silva, 2013), PSD (Tati Teixeira, 2014), PDT (2015) e PP (2016). Era natural a liderança de Jevis, em segundo mandato.

Ganhou no tempo certo, a indicação do presidente municipal, Gelson Fernandes, e o aval de vários outros do diretório municipal. Veio a eleição. Com ela, o racha do PDT local em duas candidaturas para deputado estadual. Era óbvio que o partido não teria votos suficientes para dois. E um fenômeno curioso ocorreu. Jevis goleou Rodrigo Minotto (9.955 x 5.560), o concorrente dentro do partido, em Criciúma. Mas perdeu fora, e a cadeira foi para o pupilo do ministro Manoel Dias, cacique geral do PDT catarinense.

O coordenador de campanha de Minotto foi Ricardo Fabris. Com esta vitória, ele pavimentou o que vinha
construindo nos bastidores, com bom poder de articulação e, agora, o argumento das urnas e o sorriso acolhedor de Maneca, o líder natural, e Minotto, o líder ascendente. O aval para ser presidente da Câmara era a contrapartida óbvia. E ela veio rápida. Nos dias seguintes à eleição, estava dissolvida a comissão municipal, o presidente estadual assumia o comando do PDT e abortava a antiga indicação por Jevis. Fabris passava a ser o candidato. A partir daí, a reação desencadeada pelo vereador pastor foi a que todos conferimos, sacramentada nesta segunda-feira, dois meses depois da eleição, com a desfiliação.

Pastor Jevis tem três rumos: ou aceita o assédio do ex-prefeito Clésio Salvaro e vai para o PSDB, ser a segunda liderança com voto do partido, depois da deputada Geovânia de Sá; ou acata os frequentes convites e sondagens do PMDB, onde seria a cara nova com todo o respaldo da máquina ao dispor, mesmo que essa máquina não esteja tão pujante quanto já foi em tempos recentes; ou segue na órbita do prefeito Márcio Búrigo, indo para um partido forte do seu leque, como o próprio PP, ou então, o que parece ser o mais provável, topa o desafio de abrir "o seu partido" em Criciúma.

Eis a sugestão da "raposa felpuda" (termo emprestado do consagrado Roberto Alves) que vem

assessorando Jevis: ficar na órbita de Márcio, o próprio prefeito tem dito em alto e bom tom que não quer perder o PDT, mas não quer perder Jevis também. Para tanto, avalizará, assim que o vereador pastor quiser, uma possível ida sua para o PP, ou até o PSD. Mas o conselho que mais mexeu com Jevis, também vindo da "raposa felpuda", foi de fundar, com sua gente, que não é pouca, um partido na cidade. Dois estão na mesa, na mente e nos pensamentos de Jevis: a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que está em vias de se tornar partido político oficialmente no TSE, e o PSC, Partido Social Cristão, sem representação expressiva hoje na cidade, de fácil controle e de linha de atuação bem ao estilo de Jevis, associando a fé, a palavra, a pregação e o trabalho social. Cravem, não será surpresa se Jevis, em 2015, refundar a bancada do PSC na Câmara (partido já teve o vereador Pedro Cesar Faraco), ou lançar o Rede criciumense.

Rio Maina World? Vem aí o Parque Multitemático...

O nome é pomposo, e assim que o ali, me transportei ao Beto Carrero Wold (aliás, ao final da nota contarei uma historia boa sobre o parcão do saudoso Beto).

Acontece que a Câmara aprovou bem discretamente, nesta segunda-feira - as atenções estavam todas voltadas para a óbvia eleição do presidente Ricardo Fabris -, a desapropriação de uma área de 8 hectares, pertencente à família Barato, para ali ser construído o Parque do Imigrante, ou o chamado, no projeto, Parque Multitemático do Rio Maina!

A bancada riomainense está entusiasmada. O vereador Júlio Colombo, líder do governo, do partido do prefeito, fiel aliado e agora vice-presidente da Câmara, acha que o povão vai lotar o parque, que será imagem e semelhança do Parque das Nações, porém dois hectares menor que o seu irmão da Próspera. Aliás, a inveja anda batendo forte em outras regiões da cidade, não contempladas com tais estruturas.

Ciumeiras à parte, a desapropriação de agora é conserto de uma enjambração do governo Clésio. O ex-prefeito havia anunciado, no final de 2012, que a área do futuro Parque do Imigrante já era do município. Mas não era. O conserto veio agora, dois anos depois. Acontece que, na forma de pagamento à família Barato, constavam alguns terrenos, e um deles, localizado no Metropol, teve que ser retirado da permuta, pois há famílias ocupando lá, e retira-las demoraria muito. Com o projeto, transformou-se esse terreno em mais 100 mil reais, e assim todos ficaram felizes. O pagamento vai ocorrer nos próximos dias, prova que o cofre bem guardado pelo Cloir da Soler está com alguns milhões ali guardados mesmo.

Agora, vem outra bronca. Conseguir os R$ 8 milhões necessários para construir o parque. Está na verba encantada que o governador não envia, os R$ 46 milhões prometidos lá vai tempo. E tem outra encrenca: o traçado do Anel Viário passa bem por cima, corta no meio o futuro Parque Multitemático. Eis a brincadeirinha: será que faz parte do Parque Multitemático uma estrada repleta de caminhões e trânsito pesado que vai nos deixar lá para as bandas do Mampituba? Com a palavra, o Deinfra (antes que ele seja extinto pelo governador, claro).

Ah, a historinha. O João Batista Sérgio Murad resolveu, lá pelo início dos anos 90, inventar um parque no litoral norte de Santa Catarina. Comprou um terreno em Penha e foi à luta. Pelo estilo inicial da atração, precisava comprar algumas indumentárias como esporas, celas e outros artigos que remetem aos cavalgadores. Pois bem. Encontrou uma loja bem aprumada em Joinville, não recordo mais o nome. O dono da loja era meu tio, de saudosa memória, o tio Ivair Ferreira, casado com a tia Marilene, irmã do meu pai, também já falecida. Certo, o seu Murad chegou lá e fez várias compras. Gastou 5 mil cruzeiros, ou cruzados novos, uma fortuna para a época. Pagou com um cheque. Que bateu asas e voou. Com esta compra, nascia o Beto Carrero World.

Papa Francisco, a igreja é da igreja em Içara!

A Igreja Matriz São Donato nem sempre foi onde está a atual. Nos últimos 31 anos, o espaço ocupado pela Casa da Cultura Bernardo Junckes corresponde à antiga São Donato. Pois a notícia da segunda-feira no mundo católico içarense é a volta da quem sabe ex-Casa de Cultura para o uso do patrimônio do Vaticano.

O padre Antônio Vander, hábil e comunicador como só, certamente articulou com o Paço e topou a parada de reincorporar, para alegria de Papa Francisco, a velha igrejinha para a gestão da Diocese. Uma cerimônia para reabrir a igreja está marcada para domingo, dia 21, às 10 horas. E haja católico para colocar lá dentro hein... O censo de 2010 apontou que 73,9% dos içarenses são católicos apostólicos romanos.

Içara precisa de orações. Está em vias de perder a TransGás por um velho fantasma ambiental - "não culpem os agricultores, eles não tem nada a ver com isso" -, reiterou outro dia, na Eldorado, o lépido prefeito Murialdo Gastaldon (PT), de olho em suas ovelhinhas também para 2016. E Içara tem eleição da Cooperaliança em março, o que sempre tumultua o coreto e desgoverna a missa. Logo, com mais uma igreja, mais orações para a capital do Mel.

Procon no Carnaval?

Outro dia, o vereador licenciado e ativo presidente da Fundação Cultural de Criciúma, Daniel Freitas (PP), pegou o carro, a pastinha e se mandou até Floripa. Foi ter um dedo de prosa com o também jovem Filipe Mello, do PR, filho do todo poderoso Jorginho Mello, deputado federal e chefão mor do PR catarinense. Filipe é secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, da turma do Raimundo Colombo.

Mas nada de política na pauta (claro que nos bastidores houve algum cochicho partidário, eles adoram). Freitas foi levar ao filho-secretário o pedido para desbloqueio da verba do Criciúma Rock - deu certo, a sonzeira vai rolar nos dias 27 e 28 -, e uns trocados para ressuscitar o Carnaval de rua em Criciúma.

Aí o furo é mais embaixo. Projeto é da Liga das Entidades Carnavalescas, e do seu sonhador presidente Vando Brunel. Encontrar o Vando na praça Nereu Ramos é sempre a mesma tecla. "Ó, estamos com o projeto do Carnaval bem encaminhado", ouço há anos desse tão guerreiro quanto sonhador. Mas parece que, dessa vez, a Fundação começou a encarar não como utopia, mas como possibilidade.

É bom lembrar que antes do prefeito Márcio, e antes do interino Itamar, houve o prefeito Clésio, que nitidamente não gostava de Carnaval. Nunca se empenhou por ele. Mas pudera, havia outras prioridades, evidente. E, de mais a mais, Criciúma deixou de ter, nos últimos anos, a cultura forte do Carnaval de raiz que já possuiu por uma simples razão: os carnavalescos de proa já partiram, e os que vivos ainda estão, trocaram o Carnaval pelo sossego, ou nem tanto, do Rincão.

Bem, avançando na conversa. Freitas pediu R$ 400 mil para o filho-secretário. Está no projeto. Hoje, segunda, ficou sabendo que o governo Colombo só mandará R$ 150 mil. Chamou as escolas. Estão conversando. Dá para fazer Carnaval com 150 mil reais? É bom lembrar que faltam dois meses para a folia, e nossas escolas, sabe-se lá quantas temos, não tem um tambor, um pandeiro sequer.

Mas daí vem a nova. Postei comentário a respeito, não faz muito, no Facebook. Entre os comentários de praxe, a maioria detonando a ideia de um Carnaval criciumense, me chamou a atenção o que escreveu a Anelise Paim Praessler. Até pouco tempo, a Anelise foi brilhante servidora do Procon, elogiada por todos. Chegou a chefe interina na ausência do Eduardo Manentti, que foi viver um mês de vereador na Câmara e trinta dias depois voltou. Eis a revelação da Anelise. Está lá, postado, no Face do Denis Luciano:

"Megalomaníacos queriam usar o dinheiro do Procon para isso. Quando digo que aquilo virou um palanque político, dizem que sou louca", desabafou a Anelise. Qual a revelação bombástica? Como assim o Procon patrocinar Carnaval? Ela, a Anelise, me confirmou que já existiu essa ideia, sim. Seria mais uma inédita de Criciúma para o Brasil. As multas aplicadas na Oi, na loja Tal, na Tim, na casa Tal, pagando os bumbos e repiniques da folia criciumense...

O Fontana e o rapel do Noel

Em tempos de desconfianças no mercado com as construtoras, a Fontana, do Olvacir - que segundo alguns quer ser candidato a prefeito de Criciúma pelo PMDB em 2018 -, vai de vento em popa. Entregando seus empreendimentos, vendendo na planta, garantindo, construindo, planeja aprontar mais uma diferente agora.

Vai ser na quarta. O Fontana e a sua construtora apresentarão o bom e aventureiro velhinho. Ele fará um rapel do helicóptero e descerá no Prime Executive Center, novo empreendimento da Fontana, que será inaugurado na esquina da Marechal Deodoro com a Princesa Isabel.

Cabe lembrar que esse prédio a Fontana ergueu num terrenão onde, por muitos anos, operou a maior loja de 1,99 na cidade, e defronte dela tinha o estacionamento rotativo de um camarada que cuidava bem dos carros e cobrava barato. Para compensar, o Prime terá vagas de garagem. E não são poucas, como costuma dizer o prefeiturável Fontana. Ah, ele não tem qualquer filiação política, e abomina falar do assunto se questionado. Mas tem uma turma no PMDB apostando nele para a parada duríssima de 2018.

Depois das fortes emoções no Prime, o Papai Noel vai até a praça Nereu Ramos comandar o espetáculo "Sonho de Natal". Ele e a turma do espetáculo vem do fabuloso Natal de Canela, na serra gaúcha. Vale e muito conferir, agenda certa para a noite de quarta!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Isso aqui ô ô, é um pouquinho de Brasil...

Não são poucos os criciumenses que, quando sobra um tempinho na semana, pegam o carro, juntam os amigos, os equipamentos de pesca, e tomam o rumo do sul. Depois de exatos 286 quilômetros pela BR-101, eles estão no conhecido, de muitos, Farol da Solidão, no município gaúcho de Mostardas. Ali encontram o sossego para uma boa pescaria, temperado pelo vento meridional cortante, com a praia lambida pelo vai e vem das ondas congelantes, abre alas do marzão, daquele ponto distante do Oceano Atlântico que guarda uma fauna marinha que é a verdadeira tentação destes visitantes.

Mas fazer o percurso até esta maravilha requer paciência e bons pneus em um trecho considerável. Ocorre que a BR-101 duplicada vai até Osório. Dali, a 101 é uma pista simples que corta Capivari do Sul e faz chegar em Palmares do Sul. A partir dali, a sorte está lançada. Do distrito de Bacopari, ao sul, até Tavares, distante 111 quilômetros, a rodovia é dos buracos.

Contra mão é quase lei...

Não tem jeito. Para vencer o esburacado trecho de 100 quilômetros, dos quais considerável maioria
encontra-se em situação deplorável, é necessário o driblar constante e atento das crateras que se avizinham, se sucedem, e fazem ferver o sangue dos condutores mais apressados. Ali, a constância do velocímetro raramente ultrapassa prudentes 50 quilômetros por hora. Quem tenta algo mais, corre o seríssimo risco de ver rasgados os pneus, para alegria das borracharias e seus alegres atendentes que pipocam no circuito.

Não raro, é possível deparar-se com caminhões na contra mão. É o jeito de andar por ali. A democracia da pista e a camaradagem entre os que por ali passam, solidários da mesma agonia, permite o parar, desacelerar, o driblar para que todos possam fazer uso do escasso trilho ileso às crateras.

O trecho em questão é estadualizado. Uma exceção nesta vastíssima 101 que corta o Brasil e, depois de Tavares, daí em pista nova e boa - embora sem acostamentos -, volta a ser competência federal até o ponto final, no acesso a São José do Norte, 150 quilômetros depois do fim da parte esburacada.

"Boas vindas" ao Farol

O destino de muitos aqui citado, o Farol da Solidão, é um recôncavo da pequena Mostardas, antepenúltima cidade da restinga que separa a Lagoa dos Patos do Oceano Atlântico. No tal farol, o silêncio, a quietude, o frio, a beleza natural intacta desta parte da Reserva Nacional da Lagoa do Peixe, tudo isso se coaduna com a festa de muitos que encontram no lugar cenário para brindar a vida em grupos animados de amigos e, claro, abastecer os freezers com o pescado abundante dos mares do sul.

Talvez pela motivação que os levam até lá - bebemorar e pescar -, muitos dos daqui que para lá vão não
externam a indignação com a buraqueira que antecipa a chegada ao farol, mas de fato a atenção precisa ser redobrada por ali. São exatos 59 quilômetros entre o ponto em que começam a parte precária da rodovia, em Palmares do Sul, até o ponto de acesso ao farol.

Em um posto de combustível, a poucos metros deste acesso, está um dos locais mais degradados da estrada. As fendas, os buracos de vários portes, sucedem-se, e não são poucos os que param por ali para fotografar, como fiz na tarde de domingo, 3 de agosto. Eu não era uma novidade para os nativos que à distância, do posto - claro que servido de borracharia -, que dali próximo me observaram. Eu sera apenas mais um, de tantos que driblam os buracos e ainda param para fotografa-los. Sim, isso é um pouquinho de Brasil. Iá iá.

sábado, 21 de junho de 2014

Até doze concorrendo à presidência!

Sim, o Brasil poderá ter até doze candidatos à presidência da República para as eleições de outubro. Por um lado, é bom saber que tantos cidadãos aspiram dedicar seus próximos quatro anos a administrar o nosso país. Por outro lado, é de se lamentar a poluição de ideologias questionáveis (ou inexistentes) e a aparição de projetos mirabolantes e sem consistência que nos entristecem, além da falta contumaz de líderes envolventes, de conteúdo e discurso que de fato entreguem algo ao povo brasileiro como opção verdadeira (desabafo de eleitor).

Seja como for, vamos lá, é muito melhor ter a chance das eleições livres do que o cabresto de um passado não muito distante em que estrelas no ombro determinavam o futuro da Nação. Desde que voltamos às urnas para eleger nossos presidentes, disparado a eleição mais inusitada e com jeito de corrida maluca foi a de 1989, com seus 22 candidatos, uma cédula gigante e aparições meteóricas de nomes fantasmagóricos da política brasileira, bem como uma reunião ímpar e impossível de ser repetida de caciques como Lula, Brizola, Maluf, Ulysses, Covas, Aureliano e até o Collor... Uma coisa é certa. Foi uma festa democrática inesquecível. Teve até Caiado com os ruralistas (hoje ele seria o candidato do agronegócio...), Enéas estreando o berreiro emblemático de 12 segundos, Gabeira e os bichos, Marronzinho e a zebra, e o Sílvio Santos que, ao aparecer candidato, fizeram logo surgir uma irregularidade até então inexistente no seu minúsculo PMB. O Lula-lá, as crianças do Brizola, o bote fé no velhinho Ulysses, as mãos do Afif, o Maluf e os filhotes da ditadura... e o Collor. O Brasil aprendeu muito em 1989.

Veio 1994, e sob o embalo do Plano Real - que fez nosso dinheiro ter valor -, Fernando Henrique levou de barbada, no primeiro turno. Era a segunda derrota de Lula, e o ápice do fenômeno Enéas, o primeiro ícone dos votos de protesto modernos do Brasil. A se salientar que, com o Real, o preço era o mesmo de manhã à noite no supermercado, e não era mais necessário andar com montanhas de cédulas nem ficar ligado no overnight nos comentários da Lilian Withe Fibe na Globo. Um natural impulso a FHC e os tucanos...

Em 1998, Lula partia para a terceira derrota abraçado em Brizola e derrotado no primeiro turno pelo discurso econômico de uma nota só de Fernando Henrique. Dos oito candidatos de quatro anos antes, saltava o pleito para doze pretendentes. Apareciam Ey-Ey-Ey-mael e Zé Maria do PSTU, que agora mostrarão de novo a cara no horário político.

FHC não fez o sucessor e, antes de perder pela quarta vez, Lula venceu. Coincidentemente, na eleição em que abandonou as alianças no campo de esquerda, e colocou um mega-empresário super liberal na sua chapa, aquietando os conservadores e convencendo, com toda sua lábia, os velhos parceiros de que era esse o jeito de chegar ao Planalto. Foram seis candidatos em 2002, e sete em 2006, e nas duas Lula venceu folgado no segundo turno, com mais de 60% dos votos contra os tucanos Serra e Geraldo, respectivamente.

A habilidade que faltou a FHC para fazer o sucessor, sobrou para Lula em 2010. Fora do PDT desde a crise que esvaziou o partido de Brizola no começo do primeiro governo Lula, oito anos antes, Dilma saiu de solidária militante pedetista para chefona de um ministério que brilhava ao embalo da popularidade do presidente petista. Daí para ganhar o gracejo do chefe mor e ser a candidata com toda a chance de vitória, foi um pulo. Em qualquer discurso, em qualquer palanque onde Lula estivesse, lá estava Dilma, a confirmar a capacidade que o hábil ex-metalúrgico havia forjado nas derrotas de 89, 94 e 98.

E agora? Dilma não carrega Lula no palanque como Lula carregou Dilma no colo em 2010. Tem o natural apoio, mas os tempos são outros. Esta eleição é, para Lula, o sprint final de uma carreira política consagradora. Ao dizer que será a de 2014 a eleição mais difícil que o PT enfrentará, os caciques petistas repetem um discurso que soa como verdadeiro mantra para Lula ao encostar a cabeça no travesseiro toda a noite. Fazer de Dilma a presidente, de novo, neste mar revolto em que se encontra o Planalto, celebrizará Lula. Mas o governo petista nunca esteve tão frágil na última década em termos de prestígio quanto agora. Há muitos pontos para bater no governo que transcendem a Copa do Mundo. A campanha promete!

DILMA DE NOVO

Dilma terá um leque de oito partidos a embasar sua candidatura à reeleição. O PTB pulou do barco neste sábado, mas isso não tira o sono da cúpula do PT. O PMDB, embora dividido, vai de novo com o vice Michel Temer e a natural sede peemedebista de governo (hay governo, estou nele!). Unem-se no palanque e somam ao tempo de TV e rádio de Dilma o PT, PMDB, PSD, PDT, PP, PRB, PCdoB e PROS, podendo pintar ainda o PR (ex-PL e PRONA, do Enéas) que é base, ameaçou lançar o senador Magno Malta candidato a presidente, descartou neste sábado a hipótese e transferiu para a cúpula decisão no dia 30.

TUCANOS VÃO DE AÉCIO

O senador mineiro Aécio Neves é o candidato do PSDB desde o fim da eleição de 2010 e a derrota de José Serra, a segunda, desta vez para Dilma. Foram quatro anos de exposição e pitacos em nome do tucanato para agora surgir a óbvia conclusão de que ele é o candidato. Namorou até o final de 2013 com o ministro Joaquim Barbosa para te-lo candidato a vice. Não conseguiu. O Paulinho da Força Sindical, que foi vice do Ciro Gomes e detonou com a candidatura dele em 2002, então pelo PTB, quer ser o vice com o seu novo partido, o SDD (Solidariedade), que aclamou Aécio candidato neste sábado. Mas é grande a chance de chapa puro sangue do PSDB que, fracassando o flerte com o ministro Barbosa, tentou cooptar o PP, e sondou a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos para candidata a vice, mas não vingou. O cearense Tasso Jereissati é o nome da vez para vice de Aécio. Subirão no palanque do senador e somarão tempo para TV e rádio o PSDB, SDD, PTB, DEM, PTN, PTC, PTdoB e PMN.

EDUARDO E MARINA

"Eduardo e Mônica era nada parecido, ela era de Leão, ele tinha 16". A célebre música do Legião Urbana que narra a história do casal que das diferenças faz as semelhanças para uma bela união pode traçar o rumo desta chapa que há um ano seria insólita. Afinal, Marina Silva sempre apareceu na frente de Eduardo Campos em qualquer pesquisa, e assim persiste até hoje. Marina tem a herança da boa impressão dos milhões de votos de 2010, quando pelo PV foi a única terceira via concreta que as sempre bipolarizadas eleições brasileiras apresentaram até hoje. Golpeada por caprichos ao tentar registrar seu novo partido, Rede Sustentabilidade, encontrou abrigo no PSB de Eduardo, que em paralelo vinha costurando há um bom tempo a sua candidatura, calcado no elevado prestígio em seu Estado, Pernambuco. A dobradinha ainda não decolou, mas se trata de uma grande incógnita a partir de julho. Até o momento, agregam para o mesmo palanque PSB, PPS, PPL, PRP e PHS, mais a Rede que como partido ainda não existe.

PASTOR FIEL DA BALANÇA?

Especialistas tem dito que o Pastor Everaldo, candidato do PSC à Presidência e que tem aparecido com 3% nas pesquisas, pode ser o fiel da balança para levar a eleição para o segundo turno. Ocorre que ele capitalizará o eleitorado evangélico, ou buscará te-lo, na qualidade de pastor da igreja Assembleia de Deus. É inegável o peso deste filão, e se ele tiver forças para uni-lo poderá de fato realizar o milagre da multiplicação dos seus votos e, assim, atacar em parcela importante do eleitorado de Dilma, que tem algumas bases no seu arco de alianças justo neste segmento. Seja como for, das pequenas candidaturas a do Pastor Everaldo é a que está mais consolidada, há mais tempo na mídia e a única com chances concretas de aumentar um pouco mais a votação. Nutro a curiosidade por ver o desempenho dele na TV, onde os colegas pastores costumam fazer boas pregações. e principalmente nos debates.

LUCIANA DO PSOL

Eu sempre tive curiosidade em saber como é um jantar da família Genro. Não vem de hoje essa divisão político partidária familiar, com o hoje governador gaúcho Tarso Genro, PT sempre, precisando administrar os arroubos da filha rebelde Luciana, muito combatente desde a expulsão da gleba de petistas que fundou o PSol. Com ela, estavam (e ainda estão) Heloísa Helena, que brilhou com seus 6 milhões de votos na eleição presidencial de 2006, Babá, Ivan Valente, Chico Alencar e outros. Não há críticos mais ácidos do PT que eles. Pois Luciana não era candidata a presidente até poucos dias atrás. Eis que o correligionário Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá (é incrível que o mesmo Amapá que elege o Sarney tenha um senador do PSol, até hoje não entendo essa sinergia matemática...), ele desistiu, em nome das causas do seu Estado. Bem, Luciana é a candidata então. E vai bater, e muito, no PT do seu pai e da Dilma.

EY-EY-EYMAEL

Não vai ser desta vez que nos livraremos do hit "Ey-Ey-Eymael, um democrata cristão". Em pesquisas, apurei que Eymael estreou este jingle na eleição à Prefeitura de São Paulo em 1985, ainda pelo PDC, aquela vencida pelo Jânio Quadros, então no PTB, contra Fernando Henrique, à época ainda no PMDB. Eymael concorre pela quarta vez ao Planalto, sempre pelo PSDC. Em 1998, foi nono entre os 12 aspirantes. Em 2006, penúltimo entre sete. Em 2010, quinto entre nove candidatos. Se a saúde lhe permitir, certamente não será esta a última eleição do presidenciável que carrega a eterna proposta de um Ministério da Família, cuja função não entendi bem até hoje. Se bem que há tanto ministério na Esplanada que mais um até ajudaria a preencher a enorme mesa da Dilma...

A CHARUTEIRA DENISE

Ela é a única dúvida entre os doze candidatos de agora. E de um partido que nasceu não faz muito. Pois a bombástica e charuteira Denise Abreu vem encantada, desde o ano passado, com a sua possível candidatura à presidência pelo inóspito Partido Ecológico Nacional (PEN), sigla que adotou um trevo de quatro folhas e o número 51 para se mostrar à Nação e estrear em pleitos neste 2014. Ocorre que mesmo sem um mandato e um cargo sequer em administrações por aí, o PEN tem alas e está dividido, e nem todos querem a ex-diretora da Anac como candidata. Cabe lembrar que Denise é responsabilizada em processos federais pelo acidente que tirou muitas vidas no aeroporto de Congonhas em 2007. Ela reclama que o processo é um linchamento público e direcionado por petistas para atrapalhar sua campanha ao Planalto. Denise já chegou a pontuar em uma das pesquisas, mas depois sumiu. Se não for com ela, o PEN pode lançar um tal de Bertolino Ricardo para presidente. Este desconheço totalmente de quem se trata.

O MÉDICO DO PV

Ele vai de bicicleta ou de ônibus para o trabalho, em um posto de saúde em São Paulo, e não carrega consigo qualquer estrutura que se assemelhe a de um presidenciável. Mas o médico e ex-deputado federal Eduardo Jorge terá a responsabilidade de representar o PV, ou o que sobrou dele, na eleição de 2014. Ocorre que foi pelos verdes que Marina Silva despontou em 2010 e colheu milhões de votos mas, logo depois, deixou a sigla reclamando, e muito, de problemas internos. Levou bastante gente consigo para o projeto da Rede e, agora, de Eduardo Campos. A estrela-mor do PV segue sendo Fernando Gabeira que, depois do grande desempenho mas da derrota para Sérgio Cabral na disputa pelo governo do Rio, preferiu voltar ao jornalismo, e está fazendo bons programas na GloboNews. Eduardo Jorge e o PV escolheram uma mulher negra para vice, Célia Nascimento, e assim vão dar o recado ambiental na campanha.

ZÉ DO PSTU

A exemplo do Eymael do PSDC, José Maria de Almeida, o Zé Maria do PSTU, vai pela quarta vez disputar a Presidência. Ele é uma das bases da confirmação do quão difícil é juntar a extrema esquerda brasileira no mesmo palanque. Quem conseguiu isso, e apenas uma vez, foi Heloísa Helena em 2006, liderando pelo PSol uma chapa que uniu PSTU e PCB, a chamada Frente de Esquerda. E foi aquela, de fato, a melhor eleição da extrema esquerda brasileira em todos os tempos. Mas eles não se entendem mesmo, e o Zé Maria vai de novo com o bordão "contra burguês, vote 16", e com a bandeira vermelha e as letras amarelas do PSTU. Se não surgir algum fato novo, será mais uma vez aquela campanha de proteção aos trabalhadores e de agressão ao atual sistema econômico vigente. Zé Maria foi sétimo entre 12 candidatos em 98, penúltimo entre os seis de 2006 e sexto entre os nove aspirantes de 2010.

O CARA DO AEROTREM

Ele tem um bigode imenso, nutre uma utopia que diz ter sido imitada em parte pelo PT e não tem lá muito jeito de presidenciável, embora sempre apareça nos seus discursos vociferando com saliva e alto tom. Levy Fidélix vai pela segunda vez representar o PRTB, que foi o partido do resgate de Fernando Collor de Mello, na disputa presidencial. Ele segue entusiasta do aerotrem, projeto de transportes que imagina ter sido copiado em parte pelo PT para o caderno de encargos da Copa do Mundo (esquece ele que a Fifa manda mais no país sede da Copa, e a Fifa gosta de trens e metrôs desde que os trilhos existem). Ciente que o monocórdico discurso do aerotrem não o levará a lugar algum, prometeu na convenção nacional do PRTB diversificar as promessas. Vai, agora, atacar de isenção de impostos para medicamentos... Na sua única eleição ao Planalto, foi sétimo entre dez em 2010.

CAMARADA MAURO

Na melhor eleição presidencial da sua história, o Partido Comunista Brasileiro apostou em um engenheiro que não era comunista: Yedo Fiúza, dono de 10% dos votos em 1945, quando Eurico Gaspar Dutra, abençoado por Getúlio Vargas, saiu das urnas presidente. Depois, clandestino a maior parte do tempo, o PCB ressurgiu nos anos 80 à sombra do PCdoB, o irmãozinho rebelde que resolveu se tornar governo e adotar "O Partido do Socialismo" como slogan, numa guinada para desgrudar do ranço soviético e lembrar que o muro de Berlim caiu faz 25 anos. O PCB tem o mérito de continuar fiel às suas origens, mas passa à margem do eleitorado. Tem mínimo eleitorado e nunca, no atual sistema, elegeu um deputado federal sequer. Em 2010, concorreu com Ivan Pinheiro à presidência e agora vai de Mauro Iasi, que foi fundador do PT e rompeu em 2002, na mesma debandada que depois fez nascer o PSol. Iasi preferiu o PCB.

A LANTERNA OPERÁRIA

O Partido da Causa Operária tem tudo para ser, de novo, o lanterna da eleição, como tem sido em todos os pleitos desde que nasceu. O discurso que pratica é o da extrema esquerda da esquerda, ou seja, na fronteira máxima do arco partidário descolando-se até do PCB e PSTU, e longe do PSol. Não aceita coligar, nunca. E vai de novo com o jornalista Rui Costa Pimenta, candidato a presidente pela quarta vez consecutiva. Em 2002 e 2010, foi o último. Em 2006, teve sua votação zerada por impugnação do registro da candidatura. Se não houver alguma sacada nova, discursará contra a corrupção no governo Dilma e afrontará as grandes remessas de recursos para o Exterior, bem como a indiscriminada abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro. É por aí.