sexta-feira, 30 de maio de 2014

O Avaí precisa ter inveja do Criciúma...

O Avaí tem inveja do Criciúma. Ou precisaria ter. E essa inveja precisaria contagiar as arquibancadas. Enquanto o Tigre é exemplo nacional, elogiado o tempo inteiro quando se trata de torcida, os avaianos brigam entre si. Que o diga o atacante Roberto, que espinafrou seus próprios torcedores na Ressacada na noite desta sexta...

"Fora a gente consegue as vitórias e em casa não consegue. A gente precisa de mais motivação da torcida, é fácil vir para cá só criticar o tempo todo, engraçado que a consegue consegue os pontos todos fora e em casa não consegue", desabafou o Roberto, na Rádio Guarujá, logo após a derrota em casa para o ABC por 1 a 0...

Se fosse o Criciúma, certamente esta justificativa não poderia ser dada. A torcida é presente, incentiva o tempo inteiro, cobra quando necessário, empurra quando deve, uma torcida exemplar... Quem sabe a recuperação dos demais catarinenses não passaria também por esta necessária reciclagem que vem das arquibancadas. Não que o torcedor vá aplaudir times medíocres e limitados, mas que aprenda a torcer em outro estilo, como por aqui se fez, criando uma onda de empatia que brota das arquibancadas e faz do fator local realmente decisivo nas horas em que o bicho pega. Falta isso na Ressacada, no Scarpelli, são campos neutros, que puxam ainda mais para baixo os já limitados times da capital. Dos grandes catarinenses, são os que pior usam o fator local. Joinville empurra bem, Chapecó também, Criciúma é fora de série nisso...

Outra razão de inveja: mesmo com a possível perda de três pontos no Brasileirão, o Criciúma não vai para a zona do rebaixamento e segue com boas chances de assegurar uma campanha interessante antes da Copa, cravando um bom resultado diante do Santos, em campo neutro no domingo. Eu acredito em um bom resultado, já que o time não tem qualquer justificativa para se deixar abater com o imbróglio extra-campo. E mais, para orgulhar e colocar compromisso maior nessa galera que joga domingo, olha a foto que chegou de Wembley para o blog: o Alan e o Marlon com camisa e bandeira do Tigrão em Wembley, enquanto a Inglaterra tocava 3 a 0 no Peru em amistoso nesta sexta. É uma torcida mundial mesmo essa do Tigre...

Irresponsabilidade que arranca pontos do Tigre

Tudo leva a crer que o Criciúma vá perder três pontos no Campeonato Brasileiro. Foi equivocada a escalação do atacante Cristiano diante do Goiás, quando a prudência indicaria que o mesmo deveria terminar de cumprir a suspensão que o acompanhava desde os tempos do obscuro Naviraiense. O Criciúma, juridicamente, já se explicou, fez o possível para calçar sua defesa. Está documentado. Há duas falhas tremendas de responsabilidade: a primeira, do próprio jogador. A segunda, da supervisão do Tigre, que tem toda a infraestrutura para acompanhar situações do gênero.

Cristiano sabe o que fez ano passado, quando cabeceou um jogador do Paysandu e foi expulso. Cristiano sabe que foi suspenso por cinco jogos, e que cumpriu apenas três em competições nacionais. Cristiano sabe que deveria ficar mais duas partidas fora, para limpar a ficha. Embora ele não saiba secar os pés corretamente - a frieira que foi manchete recente é a prova -, ele sabe sim contar, tenho certeza. Logo, Cristiano cometeu uma irresponsabilidade que pode tirar o Criciúma da Série A. Além de não saber secar os pés, lhe faltou honestidade para colocar o Tigre ao par do problema que carregava consigo. E ainda carrega.

De parte do Tigre, faltou um detalhe, além de todas as pesquisas de praxe feitas antes da escalação dele. Faltou ir ao consagrado Google e, naquela caixinha de barra de pesquisas, clicar "Cristiano Naviraiense". Ali aparecem diversas informações sobre o jogador, e em destaque uma matéria de um jornal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, confirmando os cinco jogos de suspensão. Não que uma simples pesquisa de internet fosse a solução agora, mas deveria ser uma prática comum, para toda e qualquer contratação, afinal há informação demais, de todos nós, na web, e não custa nada pesquisar. Aí reside um erro imperdoável do gigantesco departamento de futebol do Criciúma, cheio de diretores, gerentes, supervisores e afins.

Para arrematar minha leitura deste patético episódio, me baseio na opinião do cara do nosso jurídico aqui do Eldorado Debate, o advogado Alexandre Farias. Ele escreveu o seguinte:

1) Inicialmente gostaria de dizer que o Depto. Juridico do Clube não tem culpa alguma no episódio de escalação de jogador irregular. A responsabilidade de tal situação é única e exclusivamente da Supervisão do Clube. 2) Os documentos analisados por mim, realmente não tinham o nome do jogador Cristiano e posteriormente verifiquei que nos documentos encaminhados pelo Clube ao STJD e a própria CBF continham o nome do atleta. 3) O STJD não faz oficio e/ou responde no sentido de afirmar que determinado atleta possui condição de jogo, simplesmente silenciam quando está tudo OK e foi isto que ocorreu. 4) É fato que o jogador não poderia ter atuado até o jogo contra a Chapecoense, porque foi punido com 05 jogos. 5) O Criciuma possui alguns argumentos contundentes, porém, se prevalecer a tese de que fomos avisados pelo Maringá da situação envolvendo o atleta, acredito que realmente perderemos três pontos. 6) Temos também a decisão que beneficiou o Cruzeiro à época (Brasileiro 2013) para ser usada como paradigma, porém, no caso do Cruzeiro o atleta estava no banco de reservas e não tinha assinado contrato/renovado com o Clube Mineiro ainda.
Agora minha posição pessoal: O Criciuma perderá 3 pontos.

Técnico do Avaí? Ou prefeito de Criciúma?

Claro que se a oferta me fosse feita, eu nem pensaria: toparia na hora ser prefeito de Criciúma. Mas convenhamos, a briga é cruel para escolher qual o maior abacaxi no atual contexto... Senão vejamos. Na época recente em que o Avaí flanava no futebol catarinense, papava os estaduais e pousava de bacana na Série A, o prefeito de Criciúma da época pintava e rabiscava uma cidade que nadava em dinheiro, que era um canteiro de obras, que respirava progresso... Veio um rebaixamento na vida do Avaí, e um tribunal e umas denúncias e uma cassação na vida de um político, e as nuvens carregaram-se muito que rapidamente. O Avaí deixou de ser aquele papão poderoso que causava inveja com Cléber Santana e Marquinhos, e passou a ser um candidatíssimo à Série C 2015... com Cléber Santana e Marquinhos. E havia quem queria o primeiro desses dois no Criciúma, gente de dentro do próprio Criciúma... Hoje, nem piam.

E Criciúma, a cidade? Passou a ser um balcão de lamentos de dívidas, problemas, heranças malditas, em rosários que são desfiados abertamente nos bastidores, mas ainda com alguma discrição perante ao público. Por uma simples razão: o atual prefeito, o Márcio, deixou de ser o coadjuvante da foto e tomou o lugar do "Eu", e ao fazer isso, largou a dolce vida do vice e, ao pegar a caneta, viu que ela carregava uma suposta bonança que virou pó, assim como as brancas nuvens do Avaí viraram tormentas constantes...

Logo, penso que o interino do Avaí (do Cléber 100, na foto), o Raul Cabral, que treinou o time duas vezes e ganhou duas - contra 

Figueirense e Náutico, os mais recentes "títulos avaianos"-, é tal qual o vice que, de repente, virou prefeito. Carrega pedras, não pode ser tão culpado assim e precisa limpar a área com o pouco que lhe sobrou. Que o Cabral de lá sirva de descoberta para o claudicante Márcio de cá que, à procura da popularidade perdida, sem as presepadas do antecessor para alimentar o ego propagandista, perdeu uma grande chance de não fazer o povo chiar, ao alugar um avião que provavelmente nem usará, mas mexeu num vespeiro desnecessário. Seria como o Avaí contratasse o Paulo Baier agora... não tem dinheiro, e nem jeito de usa-lo, afinal vinho bom em pipa ruim vira vinagre... Logo, técnico do Avaí e prefeito de Criciúma são, sem dúvida, as funções mais complicadas de se ocupar atualmente no Estado. Depois vem o algodão entre os cristais do palanque do Colombo para harmonizar as carências por cargos e poder de PSD, PMDB, PP e outros caronistas... E depois vem o Cláudio Gomes.

Como não ser Tigre?

Eu nasci no interior do Rio Grande do Sul. Obviamente, levei alguns anos para ouvir falar em Criciúma e no Criciúma Esporte Clube. Quando eu nasci, em 79, o CEC era um menino de pouco mais de um ano. Eu era bebê de nove dias quando o Criciúma venceu o São Paulo de Rio Grande (um dos três times da minha cidade natal, e clube da minha infância), por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, no HH. Eu não vi, mas o arquivo do Clésio Búrigo conta que o Serrano abriu o placar para o Tigre (a Eldorado contou esse jogo, e provavelmente só ela e a Cultura Riograndina, talvez a Rádio Minuano também). O Toquinho, um camarada super gente boa, exímio batedor de faltas e hoje motorista de táxi em Rio Grande, fez o gol de empate do Sampa. Mas o azul e branco Criciúma ganhou do encarnado e verde gaúcho com gol do Helinho. Na foto, o estádio do Criciúma pouco depois desse jogo, em 1980.

Tudo isso no primeiro tempo que certamente tirou um pouco da voz do Sebastião Farias, tenho para mim que ele narrou esse jogo na Eldorado, o saudoso Tião, marido da Brigite, pai do Marcelo, do Fabrício e da Karina, que gritava "Vibra que é teu...". Tudo isso aconteceu nove dias depois do meu nascimento. E pensar que Rio Grande e Criciúma se entralaçariam na minha vida... Eu - como já explicado em postagens anteriores -, era um sem noção, natural dos de pouca idade. O São Paulo voltaria a jogar no Majestoso em 1981, empate em 2 a 2, e em 82 foi a vez de o Criciúma retribuir a visita, perdendo por 4 a 2 no velho estádio Aldo Dapuzzo, na Linha do Parque.

Foi nesse estádio (foto) - onde o Tigre do técnico Lori Sandri, e os autores dos gols Luiz Freire e Paulinho Criciúma (que viria a ser meu ídolo anos depois, e grande amigo mais anos depois, olha a vida aprontando...) perdeu -, nesse estádio onde eu conheci o futebol gaúcho no meu aniversário de 1994, assistindo um eletrizante São Paulo x Dínamo de Santa Rosa, história para outra hora...

Mas preciso responder à pergunta inaugural desta postagem: como não ser Tigre? Como não me deixar envolver por um time que esteve presente em fases tão distintas e basilares da minha vida? O Criciúma encarou pela primeira vez nos meus nove dias de vida o time da minha infância, o clube que meu pai e avô ajudaram a construir arquibancadas, o velho São Paulo de Rio Grande de 1908. Depois, na minha fase joinvillense, o Criciúma foi a sensação do final dos anos 80, e eu, morando em Joinville, torci loucamente pelo Tigre na final da Copa do Brasil de 91, assistindo o jogo lá no Jardim Iririú, com a minha mãe, dona Glaci, e a minha sobrinha recém nascida, a Aline, num dia tremendamente quente no norte catarinense. Devo lembrar que vi o jogo pela RCE, narrado pelo Clésio Búrigo e com reportagens do Zildomar Schlemper (olha o destino de novo, anos e anos depois eu dividiria, como divido até hoje, microfone com o super gente boa Xila...).

Conto tudo isso sem dizer as mil razões mais que ganhei para vestir essa camisa extraordinária do Criciúma assim que vim para cá, em maio de 2007. Mas aí é história para outro capítulo. Tenho uma coleção de quase uma centena de camisas. Só tenho de dois clubes catarinenses. Do Tigre, são seis diferentes... Esse tal de futebol é uma caixinha de surpresas mesmo...

Eu sou monarquista!

Quando o Brasil foi às urnas em abril de 1993 para cumprir um dispositivo constitucional - pago com um século de atraso, é verdade -, para escolher a forma e o sistema de governo, eu era um guri migrando para a adolescência, meio que sem noção, corriqueiro da idade (postagem 1 deste blog reflete a respeito do conceito de "noção" nesta fase...). Eu tinha 13 anos. E eu não sei explicar como me fascinava, de verdade, a ideia de que o Brasil tivesse um rei (não me julguem...). Ou talvez um imperador. Que seja, um monarca!

Volto quatro anos no tempo e recordo a mais sensacional eleição presidencial que este país já viveu. E eu tive o orgulho de acompanhar, assistir horário político e fazer campanha para o Leonel Brizola (não me julguem...). Fiz campanha de duas formas. Na escola onde eu estudava, no Léa Maria Lepper, no bairro Bom Retiro em Joinville, organizaram uma eleição entre os alunos. Os brizolismos lá de casa me contagiaram e pedi votos para o caudilho. Tomamos pau. Alemoada não curtia o estilo cão raivoso do saudoso Leonel, e eu infelizmente nunca tive a chance de dar um voto pra ele diretamente, só por tabela quando ele foi vice do Lula em 98. Enfim, todo mundo erra...

Vamos adiante. Ainda em 89, enquanto o Brizola espumava na TV contra a Globo, o Collor, o Sílvio Santos e até o Lula, meu pai, habilidoso como só, fez uma plaquinha de madeira. Era uma vareta e na ponta tinha um grande círculo de eucatex, era quase um pirulito gigante. No círculo, o seu Guaracy pintou um letreiro pedindo voto para o Brizola. Lá fui eu, com a placa na mão, para a rua principal do bairro Costa e Silva. A alemoada me olhou atravessado. Eu contava nove anos na época. Meses depois, já no segundo turno, fui eu, o pai, e a placa, até a praça Nereu Ramos, em Joinville, cantar "Lula, lá" e assim os brizolistas engoliam o sapo barbudo e, pior, o Collor.

Esta eleição, a de 89, moldou um gosto muito particular pela política. Sempre tive pavor a ladrões e extrema simpatia por governantes que colocassem em prática valorização da educação, do trabalho e da moral. O resto para que uma sociedade tenha progresso, é só consequência. Mas o que isto tem a ver com o rei? Chegaremos lá.

Veio o tal plebiscito e, imberbe mas muito nerd, leitor contumaz de atlas geográficos e livros de história geral - eu tinha uma enciclopédia de 24 volumes, gurizada de hoje nem sabe o que é isso -, comecei a estudar a tal República Presidencialista, República Parlamentarista e Monarquia Parlamentarista, as opções do pleito. Foi paixão à primeira vista. "Brava gente, brasileira..." e outros "hits" mais me fizeram monarquista. Já fervia em mim a ideia de que uma família preparada para comandar o país, arbitrar os conflitos, uma família moral e eticamente preparada, já que "rei não rouba", colocaria o Brasil nos trilhos. Meu principal ato de campanha na ocasião foi confeccionar uma coroa de papel, e com ela tentar convencer meus pais a votar no rei. Não levei. Perdemos. E estamos aí, presidencialistas...

Se houvesse um plebiscito hoje? Eu votaria na monarquia. Sem dúvida. Razões? Voltaremos ao assunto. Ah, eu já tenho meu candidato a presidente da República. E sigo acreditando no Brasil. Mesmo com presidente, embora preferisse o rei... É sério. Não estou brincando.

Há um ano, eu saía da Eldorado...

Uma das virtudes de um blog é que nele você escreve em primeira pessoa sem reservas nem constrangimentos. Ao menos comigo funcionará assim, prometo a vocês. Bem, no dia 28 de maio de 2013 eu postava este texto no Facebook. Lembro bem, era uma manhã nublada, por volta das 10 horas, e eu estava limpando minha ex-mesa na Eldorado quando, de saída, escrevi o seguinte...


"Despedida, novos desafios e fim de um ciclo!!
No dia 10 de maio de 2007, vindo de Porto Alegre, eu chegava em Criciúma para, do zero, começar uma nova jornada nesse mundo da comunicação. E deu muito certo. E deu certo pois a Rádio Eldorado foi uma mãe acolhedora, uma parceira de todas as horas. Encerro hoje nesta casa um ciclo muito feliz, olhando para esses corredores, limpando a mesa, abraçando os amigos que fiz nesta família e, de cabeça erguida, parto rumo ao futuro desafiador que me chama. Obrigado Eldorado, é com um orgulho que não cabe em mim que carrego no currículo a felicidade de ter defendido essa grife com toda a minha força nos últimos seis anos. Novos desafios em breve. Vem comigo!!"


Muita gente, mas muita gente mesmo, mais do que eu pensava - e imaginava que merecia -, veio em solidariedade, perguntar o que estava acontecendo e para onde eu iria. Foi tudo muito profissional, mas também uma decisão muito, mas muito difícil de ser tomada. O Nei Manique, meu guru e mestre também nessa, sabe como foi complicado... mas satisfez, e muito! Fazia algumas semanas que eu estava seduzido por um tentador convite da Rádio Som Maior. Era um desafio e tanto, aquele que acabou se concretizando, substituir o Adelor Lessa, que dispensa apresentações, cujo nome por si só é uma densa lenda. Para resumir minha admiração pelo que o Lessa representa, ele foi patrono da minha turma de formatura em Jornalismo, e lembro que indiquei o nome dele e fiz campanha junto aos colegas, que toparam a escolha.

Bem, quis o destino que, no desacerto do Adelor com o Beto Colombo que o fez saltar para a Rádio Hulha Negra, eu fui o escolhido pelo Beto e pelo Jaaffar Omari para fazer parte de um projeto super complexo, criar uma nova identidade para uma Som Maior construída sob o peso da personalidade de um cara como o Lessa. Mas como nunca me mixei para desafios, lá fui eu. A cortesia da Eldorado foi impressionante. O seu Henrique Salvaro me respeitou tanto, que manteve o tapete estendido para o retorno, que de fato ocorreu breves meses depois. O Cleiton Salvaro, nosso diretor, tentou me demover da ideia, sem saber em um primeiro momento o meu destino - natural, eu devia lealdade ao projeto que estava sendo entabulado -, o Cleiton entendeu isso, a vida continuou e hoje convivo de novo, na maior normalidade, com a nossa turma da Eldorado.


Terei muito o que contar das minhas andanças nas lides do jornalismo geral diário, e matinal, bem cedinho, da Som Maior. Ninguém me chamou de Lessa no ar - eu nem mereço tanto -, mas eu uma vez, uma só, troquei Som Maior por Eldorado, o maior drama de um radialista que muda de casa, dizer o nome da casa antiga. Recordo minuciosamente deste episódio. Como também as entrevistas bombásticas e as notícias de primeira que, mesmo sob fortíssima concorrência - Lessa na Hulha, Messer na Eldorado, Charles na Difusora, Anderson e Giselle na Transamérica -, conseguimos levantar. Lembram da cerca na praça do Congresso? E dos pés de butiá de mil reais? E do Salvaro chamando o Eduardo Moreira de Satanás? Foram algumas das várias que brotaram das nossas entrevistas e reportagens no breve estágio de Som Maior. Temos muito o que contar ainda. Tem os colegas, tem a Simone Costa, o Nei, a Clarinha, o Mangrich, a Sil, a Helena e o cafezinho nota dez, bah, muita coisa pra contar ainda... Na foto acima, tô ladeado pelo Filipe Casagrande, pelo Filipe Mangrich, pela Sil Citadin, pelo Nei Manique, pelo Jaaffar e pelo Marcelo Becker, e agachadas estão as queridonas Tuane Dalmolin, Tais Pizzoni e Giovana Generoso.

Na foto ao lado, eu no dia oficial da estreia no Debate Aberto, das 12 horas, ao lado do lendário João Nassif, do insinuante Ney Lopes e do catedrático João Pedro Herrmann. Uma das belas escolas que tirei proveito nestes meses de edifício Mídia Center... fora que esse estúdio é sensacional, o cara vê a Próspera, o Pio Corrêa, o Centro, o São Cristóvão e outros pedações da região dali, espetaculoso! Valeu Som Maior, gostei demais da 100,7! (Foto clicada pela Clara Fernandes)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ser guri. E não esquecer que foi.

Minha mãe sempre lembrou que eu nasci à tarde. Eram 14 horas de um domingo. Convenhamos, fui um estraga prazeres da soneca da tarde da certamente pesada dona Glaci, a contar os dias para dar a luz ao seu quarto filho, ela já com seus 35 anos naquele dia 14 de outubro de 1979. Confesso que não lembro no que eu pensava naqueles primeiros meses de vida. E primeiros anos também.

Quando tive noção de mim eu já era um guri sem noção, como qualquer guri, que quebrei o primeiro par de óculos que usei - pisoteei-os criminosamente dentro de um guarda roupas, sei lá por qual razão -, mas um motivo me vem à mente agora: eu já era um tímido crônico, e me exasperava a ideia de usar lentes grossas e, sobre uma delas, a direita (justamente o olho que melhor me agraciava com a visão), ter a vista encoberta por um tampão, forma simpática que o oculista (oftalmologista) encontrou de chamar aquele papelão com fita crepe que encobria a lente do olho bom para forçar o olho meia boca (o esquerdo, fraco até hoje), a abandonar a preguiça e enxergar melhor a vida. Talvez este olho esquerdo, o mesmo que carrego hoje e agora malandramente dorme enquanto o direito trabalha sozinho - assim já faz há 34 anos -, talvez esta preguiça seja herança do parto às duas da tarde de um domingo. Convenhamos...

Sou guri dos tempos em que tirar uma fotografia não era um simples lançar de mão de um celular e fazer centenas de poses, muitas ridículas, para pinçar algumas e delas fazer a memória concreta. Não. No nosso tempo, uma foto era um investimento, um ato de espera para dar à luz a algo que poderia transitar de um borrão a uma belezura qualquer. Geralmente, o borrão. Sina do pobre. Por isso, a primeira foto que existe da minha vida é de um guri de quatro anos de idade assustado, correndo na beira de um riacho que, dizem, ainda existe mesmo passadas três décadas, lá na Vila da Quinta, interior do interior da minha Rio Grande de nascença. Um dos meus irmãos bem quis fotografar minha aventura na única lage da casa, a do teto do banheiro da velha casa da Cristóvão Colombo, na Cidade Nova. Não houve como fotografar. Mas a tinta da memória, implacável, não permite o esquecimento. Como também faz lembrar o dia que fugi da barra da saia da mãe para, ao melhor estilo guri de rua, surrupiar um xis salada de uma simpática família de classe média riograndina. Mas tal aventura meninesca faz parte da próxima reminiscência. Quando? Sabe-se lá...

Eu sou apenas...!

Não é questão de humildade. Afinal, sempre haverá alguém a nos dizer que não somos humildes, por mais que tentemos respeitar a tudo e a todos. Mas não é fácil. Viver é uma aventura complexa, cercada de desafios, armadilhas, mas repleta de encontros e desencontros, sintonias e tropeços, que fazem desta trajetória um fascínio sem fim. Com a missão de compartilhar este fascínio, seja por minha vida do rádio (desde 1995), de jornal (desde 1997), de webjornalista (desde 2001), de jornalista de TV (desde 2003), de pai (desde 2004), de criciumense (desde 2007), de jornalista diplomado (desde 2012), de professor (desde 2012), de tudo um pouco (dede 1979), de filho da Glaci e do Guaracy (desde sempre), de irmão e primo e sobrinho, de amigo ou inimigo, mas de alguém que vive da obsessão da paz, da crença no trabalho... aqui estou eu, pronto para contar histórias, escrever e ler. Sejam todos bem vindos!