terça-feira, 24 de março de 2015

Clésio: "Catei moedas e não fiz gastos indevidos"

Esta nota, publicada ontem pelo colega João Paulo Messer no Jornal da Manhã, levantou forte discussão sobre a destinação de R$ 18 milhões que o prefeito Márcio Búrigo teria deixado em caixa quando Clésio Salvaro assumiu e, no seu retorno, encontrou apenas R$ 300 mil.

No final da manhã de ontem, encontrei o prefeito Márcio Búrigo em um evento e gravei entrevista com ele. Ao indaga-lo sobre as finanças da Prefeitura naqueles 42 dias, lascou: "a situação econômica que eu deixei não foi a mesma que eu encontrei". Em tão pouco tempo? Indaguei. "Sim, em tão pouco tempo", limitou-se a dizer.

O assunto chegou à Câmara de Vereadores. O vereador Dr. Mello (PT), pediu a aprovação de requerimento solicitando ao Executivo esclarecimentos sobre o fato. Afinal, R$ 18 milhões não se transformam em R$ 300 mil em 42 dias por conta de nada. "Como é que um prefeito consegue guardar R$ 18 milhões com tanto a ser feito na cidade? E como é que o outro prefeito gasta quase R$ 18 milhões em tão poucos dias", questionou, duplamente, o presidente da Câmara, vereador Ricardo Fabris (PDT), enquanto seus colegas aprovavam o requerimento.

Clésio falou

Procuramos Clésio Salvaro no Manhã Eldorado desta terça-feira. E ele tratou do tema. Sem riqueza de dados, mas tratou. "Não sei os valores exatos, os técnicos sabem, mas procure um único pagamento indevido feito no governo Clésio Salvaro, nestes 42 dias. Desafio você, Denis, a encontrar um pagamento indevido que eu tenha feito. Não respondo a CPIs, não tenho bens bloqueados, estou seguro dos atos que pratiquei. Se sobrou esse dinheiro no caixa, é porque pagamos dívidas".

O ex-prefeito aproveitou para lembrar que deixou um bom dinheiro em caixa quando encerrou seu mandato, no final de 2012. É bom lembrar que quando deixei a Prefeitura, em 31 de dezembro de 2012, deixei R$ 36 milhões como saldo". E tirou mais uma casquinha de Márcio Búrigo. "Disseram que venderiam o Complexo para levantar dinheiro, venderam, nenhum tostão entrou na Prefeitura".

"Contei moedas"

Para ilustrar as dificuldades financeiras do seu governo, em 42 dias, Clésio contou um episódio que contraste com o cenário de R$ 18 milhões em caixa citado por Márcio.  "Para pagar os servidores, tivemos que catar moedas das gavetas", afirmou o ex-prefeito.

O secretário falou

Nossa pauta reservava uma feliz coincidência, a presença do secretário Cloir da Soler, das Finanças, no estúdio, para tratar de IPTU. Natural que o tema dos 18 milhões que viraram 300 mil viesse à tona. "Não fiz um estudo aprofundado, mas imagino que a equipe do prefeito Clésio tenha usado esses recursos para pagar despesas". Mas Soler retrucou o "contar de moedas" referido por Clésio.

"Tenho o maior respeito pelo Clésio, sou amigo dele, mas isso não é verdade. Quando deixei a secretaria, no dia 30 de janeiro, deixei em caixa R$ 10 milhões. Quando voltei a ser secretário, em 2 de março, havia R$ 646 mil", concluiu.

Para finalizar, ao menos por enquanto, a novela, o prefeito Márcio teria distribuído uma ordem a assessores diretos para "não responder provocações" sobre o tema, nem dar retorno à Câmara sobre o requerimento ontem aprovado. Deste último, Márcio não poderá escapar. O regimento interno do Legislativo obriga que um retorno seja dado.

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